Quem disse que perdoar não dói? Mentira. Dói sim. Mas a dor é a libertação. Essa dor que se sente perdoando mistura uma sensação de alívio, com um certo desconforto pelo que passou e o medo de do que virá. (EGO) . Mas quando finalmente perdoamos conseguimos vislumbrar por um milésimo de segundo o quanto podemos dar. Que benção é doar. Como é bom não se economizar!
O perdão ao outro é mais próprio do que ao próximo. É um despir-se de orgulho e crenças limitadoras. É um ato de compaixão, de empatia. Conseguir perdoar é aparentemente óbvio, mas é, de fato, uma alta na bolsa dos valores.
Perdão é algo dolorido. Pedi-lo é mais fácil do que concedê-lo. Quem pede, sinceramente, pede por algo que já aconteceu, um erro, um deslize. Desculpar-se é sua ultima, talvez única, alternativa. A quem pede perdão, já não sobra muito. Tomou sua decisão equivocada, está vivendo as conseqüências disso. Mas apesar de sua dor e de seu sofrimento, sente-se um pouco mais leve por admitir seu feito e até um tanto forte por ter coragem de encarar essa situação.
Ao que pede perdão não há mais nada a fazer além de esperar por sua sentença. Para ele o pior é esperado. Mas ainda há esperança. E ele espera.
Aquele que deve perdoar está magoado, ferido, decepcionado. Sente-se dividido. Sua confiança foi abalada, será que é merecida uma nova chance? E se voltar a acontecer? Estou sendo muito duro? Estou sendo tolo?
Ele que era a vítima é agora também juiz de um ato que não cometeu. Mas qual será sua responsabilidade nisso tudo? O que fazer? Virar as costas é dolorido, mas pode ser a melhor solução. A quem é solicitado perdão resta a intuição, o bom senso e a oração.
Ambos têm em comum o medo e a esperança. Muitas vezes um e outro são a mesma pessoa. O ser que não se aceita e vive a cobrar-se e punir-se, como júri e réu de um crime constante.
O perdão lida com todos os tempos: um passado mal escrito, um presente ainda mudo e um futuro pálido de expectativas.
Perdoar dói porque bate de frente com a necessidade de se proteger e faz cair máscaras. Dói porque desnuda. Dói por ser entranho e magnífico. Dói por ser contraditório. Dói por ser complicado até que se torne simples.
Perdoar é amar. É seguir em frente, aceitar, ouvir com o coração, sentir medo e enfrentar. Perdoar é chorar, é não ter certeza e ainda arriscar. Perdoar não é ganhar o céu, é perder o chão, perder o juízo, perder a razão. E ganhar o recomeço, a continuação.
Afinal, o que é o perdão? É entender racionalmente o que se passou, aprender a não julgar, admitir que nada sabe e perceber que superou. Ter coragem de buscar lá no fundo a verdade do AMOR.
Perdoar é expressar uma imensa fragilidade e mais do que nunca sentir-se forte. Perdoar é um ato de realizar a Energia Divina internamente. Perdoar é evoluir. Perdoar é viver.
O perdão é o mais forte de todos os abraços, pois une almas cristalinas na humildade e na fé. Perdoar é ascender.
Mas como é difícil!